• Correndo... Solidariamente!


    • ATLETISMO
    • 01 Outubro 2015 | Paulo Santos
  • São inúmeras e diferentes as motivações que “empurram”um qualquer corredor para uma pista, para a estrada ou para a montanha. Todas essas razões, sejam elas de que naturezas forem, são absolutamente válidas e um sinal inequívoco de uma louvável persistência.
    Contudo, de todos os motivos conhecidos parece-me que um dos mais dignos será sem dúvida este: o da solidariedade!
    Esta associação de “corridas” e “solidariedade” tem um nome, ou melhor, dois nomes: “Corridas Solidárias” e “Ricardo Bastos”!
    Ricardo Bastos é o associado nº 66 da Associação de Atletismo Lebres do Sado, filiação que data de 16 de Dezembro de 2008. Natural e morador em Oliveira de Azeméis onde nasceu há 50 anos no dia 28 de Maio de 1965, está casado e é pai de duas filhas.
    Ricardo Bastos criou, desenvolveu, promoveu e alimentou com a sua participação e exemplo este conceito das “Corridas Solidárias”; nascidas em 2009 e contando este ano com a 5ª edição.
    Na edição de estreia reuniu três eventos; a “Geira Romana”, a “Serra da Freita” e os Caminhos de Santiago. Nas edições seguintes entre as 24 horas em Oliveira de Azeméis e as 24 horas de Vale de Cambra registe-se que na 2ª edição ligou na distância de 340 kms, a capital do Sado – Setúbal, sede da associação “Lebres do Sado” que, com manifesto orgulho, t antas vezes representa, à sua terra natal – Oliveira de Azeméis.
    Em 2015 o valor ainda não se encontra totalmente apurado mas as últimas quatro edições reuniram um valor aproximado de cerca de 15 000€ que foi entregue a diferentes destinatários.

    Segue-se, a propósito da edição deste ano, a transcrição, na íntegra, do texto publicado em https://www.facebook.com/corridassolidarias e da autoria do próprio atleta - Ricardo Bastos!



    Vamos lá a ver se consigo expressar de forma que se entenda o que foram as "Corridas Solidarias" 2015.
    Há muito que o destinatário estava identificado e anunciado. Após saber-se que a Banda Música de Loureiro seria a minha "vítima" partimos para o compromisso dos amigos com verbas que tinham como base mínima os 0,05€/km. Eu daria 1€/km. Os valores foram-se acumulando de forma simpática.
    Dia da corrida e lá estávamos no local, duas horas antes, para correr, caminhar, gatinhar ou rastejar ao longo de 24 horas.
    A prova em si já eu sabia o que era pois já tinha feito duas vezes o exercício de correr 24 horas sem parar, daí ter tomado algumas precauções.
    Durante aquelas 24h os kms, o percurso, os kms e sobretudo o calor iam-nos moendo o corpo mas nem mesmo o frio da noite foi suficiente para nos gelar a alma. A companhia de muitos horas e kms foi a simpática Filipa Ferro que tinha acabado de conhecer ali e a quem expliquei a estratégia de correr a descer e caminhar a subir. Estratégia perfeita?
    Depois foi deixar tudo fluir, boas sensações, boas conversas, excelente camaradagem e troca de impressões com todos os atletas com quem nos cruzávamos.
    Uma nota especial para o Gonçalo Pereira que num esforço titânico também conseguiu os seus objectivos para esta Campanha.
    E depois veio a manhã. Com o aproximar da hora do fim a pele começou a arrepiar, os soluços secos na garganta a aparecerem. É que comecei a ver muitas camisolas azuis da Banda. Aí senti que algo de especial já estava a acontecer. Aí sabia que os instrumentos que cada um trazia não era para nenhuma exposição. E a dada altura eram tantos. Tinham todos eles chegado de uma festa por volta das 5,30h.
    Das 69 voltas feitas as que mais recordo são as últimas três. A penúltima foi a mais penosa pois tinha 20 minutos para dar pois queria passar antes do meio dia para ter direito a mais uma. A Banda merecia esse esforço adicional. Já tudo doía mas a alegria já era imensa. Até que passo para a última volta e já em mim tudo fervia. Última ponte e fico sozinho na pista e aí o mundo era meu. Bandeira bem alto, e ali estavam eles todos. Palmas e sobretudo o Hino Nacional. Impossível conter tudo que ia cá dentro. É uma super descarga emocional aqueles momentos após terminar a corrida. A caneca de cerveja foi o melhor que podia beber para acalmar tudo. Deu para todos os quiseram juntar-se à festa digna de um rei. O tempo passava mas nem assim a alma acalmava.
    Depois de tanta festa no local de chegada a "coisa" continuou num maravilhoso almoço ali na relva e numa fantástica sombra. Tenho alguns agradecimentos a fazer mas ficam num post foto para não se perderem neste que já vai longo e ninguém está para ler tanta coisa.
    Agora é tempo de fazer contas e começar a multiplicar os 144,9 kms pelos 35,25€ que se foi angariando. Mas pode ser que haja mais qualquer coisa. Gostava de saber escrever como a Barbara Baldaia para transmitir tudo isto com as palavras certas.
    Voltarei a isto. Abraço a todos os que tenho o privilégio de ter como amigos. "Deus trabalha e eu transpiro"...”